terça-feira, 20 de abril de 2010

Pequeno Cidadão


Boa a experiência de sentar sozinha, diante de um palco, nas poltronas de trás de um auditório lotado. Você acaba assistindo dois espetáculos, simultaneamente, o do palco, o da platéia. Claro, que talvez nem todas as ocasiões gerem isso, nem todos os shows. Mas é bom ter a chance de encontrar uma experiência assim em alguns momentos. Um espetáculo infantil? Mais que isso.

O projeto de Arnaldo Antunes, Taciana Barros, Edgar Scandurra e Antonio Pinto, Pequeno Cidadão, superou minhas expectativas, naquele auditório do Centro de Convenções em Fortaleza no encerramento da Bienal do livro. Eu que, mesmo tendo na ponta da língua a letra de duas das músicas apresentadas, mal conhecia, mal tinha ouvido falar do projeto. Talvez como boa parte do público. Que se expanda. Que se conheça.

Primeira impressão: de uma platéia essencialmente de jovens, adultos, não crianças. Última impressão, algumas crianças pulando, dançando no palco (e eu não sei se desejei mais ser uma delas ou mãe de uma), e todas as outras aplaudindo, reagindo ao espetáculo sonoro e, também visual. Fico extremamente feliz em ver uma música feita para crianças com uma qualidade que educa e alimenta o repertório desse público, carente de boas produções, pelo menos na minha opinião. Não digo que é a única experiência que conheço, não digo que não existam espalhados pelo Brasil vários grupos que recuperam a qualidade no trato e no cuidado com a cultura que chega ao nosso “futuro”, mas de um modo geral, me parece que a televisão alimenta a cultura infantil mais do que deve. Sem propriedade e sem cuidado.

E eu lá, nas últimas filas me segurando sozinha na poltrona, essa timidez de quem anda sozinha por alguns lugares. Lá pelo meio do show uma menina de uns 3 anos e seus pais sentam na fileira da frente, ela dançava, pulava, sorria... quer imagem melhor? Já no bis, no grito do mais um, fui mais para perto do palco, fiquei encostada na lateral esquerda assistindo mais de perto, cantando até um pouco alto o bis de uma das músicas que eu conhecia. Só posso dizer que saí mais feliz de lá, por mim e por tantos. Bom ver reconhecimento de um projeto tão bonito e competente no que se propôs.

Não faço criticas, nem sei se tenho competência pra isso. Sou somente uma parte do público. Talvez discorde de tantos. Parar pra pensar demais nisso é deixar de fazer o que se propõe. Só cuidado. Só clareza, se é que isso existe.